quinta-feira, 20 de setembro de 2007

SÓ DE SACANAGEM

Meu coração está aos pulos!


Quantas vezes minha esperança será posta a prova??? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e de seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais...


Quantas vezes meu amigo, meu rapaz, minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, de minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: 'não roubarás', 'devolva o lápis do coleguinha!', 'esse apontador não é seu, meu filho'. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.


Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só aoculpado interessará.


Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear, mais honesta ainda eu vou ficar, só de sacanagem.


Dirão: 'deixa de ser boba, desde Cabral, que aqui todo mundo rouba'. Eu vou dizer: 'não importa, será esse meu carnaval, vou confiar mais e outra vez'. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo, a gente consegue ser livre, ético e o escambau! Dirão: 'é inútil, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal'. E eu direi: 'não admito, minha esperança é imortal, e eu repito, ouviram?: I-M-O-R-T-A-L!'


Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.

(Elisa Lucinda)

PRA COMPLETAR: Notícias Populares

"...É a pobreza
Tirando o seu sarro
Foi meu dinheiro
Foi meu livro caro
Que façam bom proveito
Da grana que roubaram
Porque eu trabalho
E outro dinheiro eu vou ganhar


E amanhã, meu nêgo, ninguém sabe
Se alguém recua ou se alguém invade
Se alguém tem nome ou se alguém tem fome.
Que façam bom proveito
Do pouco que restar
Se tanta gente vive
Só com o que dá pra aproveitar.
Tudo se acaba.
Olha o noticiário!"


(Ana Carolina)